Celebração do Dia Mundial da Fauna Bravia: Opinião do Embaixador Douglas Griffiths

O Comércio do Marfim Tornou-se o Comércio de Diamantes de Sangue do Passado

A Organização das Nações Unidas proclamou o Dia Mundial da Fauna Bravia como um dia para honrarmos as espécies animais e vegetais protegidas. Hoje temos a oportunidade de celebrar a riqueza do património natural de Moçambique e empenharmos novamente os nossos esforços conjuntos para defendê-lo. Em muitos países Africanos, o turismo fotográfico e os safaris de aventura geram milhares de empregos e milhões de dólares de receitas, financiando escolas e clínicas, e proporcionando oportunidades nas áreas rurais.

Infelizmente, os grupos criminosos transnacionais estão cada vez mais envolvidos no comércio ilegal de cornos de rinoceronte e marfim de elefantes. E estes caçadores furtivos estão a aumentar significativamente as suas armas. O tráfico da fauna bravia em larga escala chega a ameaçar a segurança, estabilidade e o Estado de Direito nos países de todo o continente e em partes da Ásia.

Aqui em Moçambique, os sindicatos do crime fortemente armados e bem financiados estão a dizimar o património nacional  em troca de dinheiro fácil, não deixando nada para as gerações futuras e explorando os cidadãos locais. Em vez de falarmos sobre a criação de postos de trabalho para especialistas em fauna bravia, guias turísticos e biólogos, temos que falar em primeiro lugar sobre os criminosos armados com AK-47 e outros tipos de instrumentos letais.

Este não é apenas um problema moçambicano ou africano. É um problema global que exige uma resposta global. Estas espécies são traficadas em todo o mundo, incluindo para os Estados Unidos, razão pela qual o Presidente Obama lançou recentemente uma estratégia ambiciosa que inclui a sensibilização diplomática, diplomacia pública, formação e parcerias. Os Estados Unidos também proibiram a venda de produtos de marfim e cornos de rinoceronte.

Apoiamos fortemente os esforços de Moçambique para melhorar as suas leis internas de combate à caça furtiva e estamos a trabalhar com parceiros regionais  para continuarmos esta luta. Estamos orgulhosos das nossas parcerias de apoio a boas práticas de conservação que complementam os projectos moçambicanos de agricultura, saúde e turismo no Parque Nacional da Gorongosa, na Reserva do Niassa e na Reserva do Lago Niassa. Estamos, porém, cientes de que há mais por ser feito.

Tive a sorte de visitar as magníficas reservas naturais deste País.  Vi e ouvi em primeira mão a importância da fauna bravia para as comunidades locais. Falei também com os líderes do governo sobre os ataques em grande escala e militarizados aos elefantes de Moçambique. A urgência da situação é clara e não pode ser menosprezada . O Secretário de Estado dos Estados Unidos da América, John Kerry, disse recentemente que o comércio do marfim tornou-se o comércio de diamantes de sangue do passado. Cada um de nós deve fazer a sua parte a fim de aumentar a consciência sobre esta importante questão, proteger o património natural de Moçambique, e melhorar a vida das comunidades moçambicanas.

Neste Dia Mundial da Fauna Bravia, vamos arregaçar as mangas e trabalhar em conjunto para que nos próximos anos esta data seja centrada nos animais e não nas armas que os matam, e que foque as comunidades que beneficiam das suas bênçãos naturais, e não os jovens mortos a mando de gangues criminosas internacionais. Os Estados Unidos continuam empenhados em dar o seu melhor para ajudar os moçambicanos a tirarem proveito dos potenciais benefícios provenientes da protecção apropriada dos seus magníficos recursos naturais.