Discurso do Presidente Biden perante a 76ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas

Department of State United States of America

Tradução de cortesia do Departamento de Estado dos Estados Unidos

Discurso do Presidente Biden perante a 76ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas

Casa Branca
Washington, DC
21 de Setembro de 2021

Sede da Organização das Nações Unidas
Nova York, Nova York

PRESIDENTE: Sr. presidente; sr. secretário-geral; meus colegas delegados; e todos aqueles que se dedicam à nobre missão desta instituição. É uma honra falar a vocês pela primeira vez como presidente dos Estados Unidos.

Nos reunimos este ano em um momento entremeado de grande dor e possibilidades extraordinárias. Já perdemos muito para esta pandemia — esta pandemia devastadora que continua a ceifar vidas em todo o mundo e impactar muito de nossa existência.

Estamos de luto por mais de 4,5 milhões de pessoas — pessoas de todas as nações e de todas as origens. Cada morte representa um sofrimento individual. Mas nossa dor compartilhada é um lembrete pungente de que nosso futuro coletivo dependerá de nossa capacidade de reconhecer nossa humanidade comum e de agirmos juntos.

Senhoras e senhores, essa é a escolha clara e urgente que enfrentamos aqui no alvorecer do que deve ser uma década decisiva para nosso mundo — uma década que determinará, literalmente, nosso futuro.

Na condição de comunidade global, somos desafiados por crises urgentes e iminentes nas quais existem enormes oportunidades se — se — pudermos reunir a vontade e a determinação de aproveitar essas oportunidades.

Será que trabalharemos juntos para salvar vidas, derrotar a Covid-19 em todos os lugares e adotaremos as medidas necessárias a fim de nos prepararmos para a próxima pandemia? Pois haverá outra. Ou vamos deixar de aproveitar as ferramentas à nossa disposição à medida que variantes mais virulentas e perigosas surjam?

Será que enfrentaremos a ameaça de um clima em mudança que já está devastando todas as regiões de nosso mundo com condições meteorológicas extremas? Ou sofreremos a marcha impiedosa de secas e inundações cada vez mais intensas, incêndios e furacões mais intensos, ondas de calor mais longas e aumento do nível do mar?

Afirmaremos e lutaremos visando defender a dignidade humana e os direitos humanos sob os quais nações reunidas em uma causa comum formaram esta instituição há mais de sete décadas?

Aplicaremos e fortaleceremos os princípios fundamentais do sistema internacional, incluindo a Carta das Nações Unidas e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, à medida que buscamos moldar o surgimento de novas tecnologias e deter novas ameaças? Ou permitiremos que esses princípios universais sejam pisoteados e distorcidos na busca pelo poder político puro?

A meu ver, a maneira como respondemos a essas perguntas neste momento — se escolhermos lutar por nosso futuro comum ou não — repercutirá nas gerações futuras.

Em suma, estamos em um ponto de inflexão na história. E estou aqui hoje para compartilhar com todos vocês como os Estados Unidos pretendem trabalhar com parceiros e Aliados com o objetivo de responder a essas perguntas, e o compromisso de meu novo governo em ajudar a liderar o mundo rumo a um futuro mais pacífico e próspero para todas as pessoas.

Em vez de continuar a combater as guerras do passado, estamos fixando nosso olhar em dedicar nossos recursos aos desafios que contêm as chaves para nosso futuro coletivo: pôr fim a esta pandemia; enfrentar a crise climática; gerenciar as mudanças nas dinâmicas de poder global; moldar as regras do mundo relativas a questões vitais como tecnologias de comércio, cibernética e emergentes; e enfrentar a ameaça do terrorismo tal como se apresenta hoje em dia.

Terminamos um conflito de 20 anos no Afeganistão. E à medida que encerramos esse período de guerra implacável, estamos iniciando uma nova era de diplomacia implacável; de usar o poder de nossa ajuda ao desenvolvimento visando investir em novas maneiras de impulsionar as pessoas ao redor do mundo; de renovar e defender a democracia; de provar que não importa quão desafiadores ou complexos sejam os problemas que vamos enfrentar, o governo por e para o povo ainda é a melhor maneira de entregar resultados para todo nosso povo.

E à medida que os Estados Unidos direcionam nosso foco para as prioridades e as regiões do mundo, como o Indo-Pacífico, que são mais importantes hoje e amanhã, faremos isso com nossos Aliados e parceiros, e por meio da cooperação em instituições multilaterais como as Nações Unidas, visando ampliar nossa força coletiva e acelerar nosso progresso em relação a esses desafios globais.

É uma verdade fundamental do século 21, no âmbito de cada um de nossos próprios países e na condição de comunidade global, que nosso próprio sucesso está ligado ao sucesso de outros também.

Para servir nosso próprio povo, também devemos nos envolver profundamente com o restante do mundo.

E a fim de garantir nosso próprio futuro, devemos trabalhar juntos com nossos parceiros rumo a um futuro compartilhado.

Nossa segurança, nossa prosperidade e nossas próprias liberdades estão interconectadas como nunca, em meu entender. E assim, acredito que devemos trabalhar juntos como nunca.

Nos últimos oito meses, tenho priorizado a reconstrução de nossas alianças e a revitalização de nossas parcerias, e o reconhecimento de que são essenciais e centrais para a segurança e a prosperidade duradouras dos Estados Unidos.

Temos reafirmado nossa Aliança sagrada, baseada no Artigo 5, com a Otan. Estamos trabalhando com nossos Aliados europeus em um novo conceito estratégico que vai ajudar nossa Aliança a enfrentar melhor as ameaças em evolução constante de hoje e amanhã.

Renovamos nosso engajamento com a União Europeia, parceira fundamental no intuito de lidar com toda a gama de questões significativas que nosso mundo enfrenta hoje.

Elevamos a parceria Quad entre Austrália, Índia, Japão e Estados Unidos, com o objetivo de enfrentar desafios que vão desde segurança sanitária, até clima e tecnologias emergentes.

Estamos nos envolvendo com instituições regionais — desde a Asean até a União Africana e a Organização dos Estados Americanos — com o intuito de focar nas necessidades urgentes das pessoas visando melhores resultados econômicos e sanitários.

Estamos de volta à mesa em fóruns internacionais, especialmente nas Nações Unidas, a fim de chamar a atenção e estimular a ação global em desafios compartilhados.

Estamos novamente engajados com a Organização Mundial da Saúde e trabalhando em estreita parceria com o Covax  para fornecer vacinas que salvam vidas em todo o mundo.

Voltamos a aderir ao Acordo Climático de Paris, e estamos concorrendo para retomar uma cadeira no Conselho de Direitos Humanos da ONU no próximo ano.

E à medida que os Estados Unidos procuram reunir o mundo visando a ação, vamos liderar não apenas com o exemplo de nosso poder, mas, se Deus quiser, com o poder de nosso exempl

Não se enganem, os Estados Unidos continuarão a defender a nós mesmos, a nossos Aliados e a nossos interesses contra ataques, inclusive de ameaças terroristas, à medida que nos preparamos para usar a força, se e quando necessário; porém, visando defender interesses vitais de segurança nacional dos EUA, inclusive contra ataques em curso ou ameaças iminentes.

Mas a missão deve ser clara e exequível, empreendida com o consentimento informado do povo americano e, sempre que possível, em parceria com nossos Aliados.

As Forças Armadas dos EUA devem ser nossa ferramenta como último recurso, não como primeiro, e não devem ser usadas como resposta para todos os problemas que vemos ao redor do mundo.

Na verdade, hoje, muitas de nossas maiores preocupações não podem ser resolvidas ou mesmo abordadas através da força militar. Bombas e balas não podem nos defender contra a Covid-19 ou suas variantes futuras.

Visando combater esta pandemia, precisamos de um ato coletivo de ciência e de vontade política. Precisamos agir agora, a fim de vacinar pessoas o mais rápido possível e expandir o acesso a oxigênio, testes e tratamentos vitais ao redor do mundo.

E para o futuro, precisamos criar um novo mecanismo para financiar a segurança e a prontidão da saúde global que dá continuidade a nossa assistência ao desenvolvimento que já existe, e um Conselho Global contra Ameaças à Saúde que esteja equipado com as ferramentas de que precisamos visando monitorar e identificar pandemias emergentes a fim de que possamos adotar medidas imediatas.

Os Estados Unidos já investiram mais de US$ 15 bilhões em resposta global contra a Covid. Enviamos mais de 160 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 a outros países. Isso inclui quase 130 milhões de doses de nosso próprio suprimento e as primeiras parcelas do meio bilhão de doses de vacinas da Pfizer que compramos para doar por meio do Covax.

Aviões transportando vacinas dos Estados Unidos já pousaram em cem países, levando a pessoas de todo o mundo uma pequena “dose de esperança”, que foi o termo que ouvi de uma enfermeira americana. Uma “dose de esperança”, diretamente do povo americano — e, mais importante, sem amarras.

E amanhã, na Cúpula Global da Covid-19 que vai ser realizada nos Estados Unidos, anunciarei compromissos adicionais à medida que buscamos avançar na luta contra a Covid-19 e nos responsabilizar em relação a alvos específicos em três desafios principais: salvar vidas agora, vacinar o mundo e reconstruir melhor.

Este ano também trouxe mortes e devastação generalizadas advindas da crise climática sem fronteiras. Os eventos climáticos extremos que temos visto em todas as regiões do mundo — e todos vocês sabem e vivenciam isso — representam o que o secretário-geral corretamente chamou de “código vermelho para a humanidade”. E cientistas e especialistas estão nos dizendo que estamos nos aproximando rapidamente de um “caminho sem volta”, literalmente.

Visando manter a nosso alcance a meta vital de limitar o aquecimento a 1,5ºC, todas as nações precisam trazer à mesa suas ambições mais elevadas possíveis quando nos reunirmos em Glasgow para a COP 26 e, em seguida, temos de continuar aumentando nossa ambição coletiva ao longo do tempo.

Em abril, anunciei a nova meta ambiciosa dos Estados Unidos nos termos do Acordo de Paris visando reduzir as emissões de gases de efeito estufa em torno de 50% e 52% abaixo dos níveis de 2005 até 2030, à medida que trabalhamos para alcançar uma economia de energia limpa com emissões líquidas zero até 2050.

E meu governo está trabalhando estreitamente com nosso Congresso a fim de realizar investimentos cruciais em infraestrutura verde e veículos elétricos que nos ajudarão a garantir o progresso dentro do país rumo a nossas metas climáticas.

E a melhor parte é: realizar esses investimentos ambiciosos não é apenas uma boa política climática, é uma chance para que cada um de nossos países invista em nós mesmos e em nosso futuro. É uma oportunidade enorme de criar empregos bem-remunerados para os trabalhadores em cada um de nossos países e de estimular o crescimento econômico no longo prazo que vai melhorar a qualidade de vida de todos nossos povos.

Também temos de apoiar os países e as pessoas que serão mais afetados e que têm menos recursos a fim de ajudá-los a se adaptar.

Em abril, anunciei que os Estados Unidos duplicariam nosso financiamento público internacional com o intuito de ajudar as nações em desenvolvimento a enfrentar a crise climática. E hoje, tenho o orgulho de anunciar que trabalharemos com o Congresso visando duplicar esse número novamente, inclusive visando esforços de adaptação.

Isso tornará os Estados Unidos líderes em finanças públicas climáticas. E, com nosso compromisso adicional, juntamente com o aumento do apoio do capital privado e de outros doadores, seremos capazes de cumprir a meta de mobilizar US$ 100 bilhões para apoiar a ação climática em nações em desenvolvimento.

À medida que lidamos com essas crises, também estamos encontrando uma era de novas tecnologias e possibilidades que têm o potencial de liberar e remodelar todos os aspectos da existência humana. E cabe a todos nós determinar se essas tecnologias são uma força para empoderar as pessoas ou agravar a repressão.

À medida que novas tecnologias continuam a evoluir, trabalharemos em conjunto com nossos parceiros democráticos visando garantir que novos avanços em áreas desde biotecnologia a computação quântica, 5G, inteligência artificial e muito mais sejam usados para alavancar as pessoas, resolver problemas e promover a liberdade humana — não suprimir dissidentes ou se voltar contra comunidades pertencentes a minorias étnicas.

E os Estados Unidos pretendem fazer um profundo investimento em pesquisa e inovação, trabalhando com países em todos os estágios de desenvolvimento econômico a fim de desenvolver novas ferramentas e tecnologias inovadoras para nos ajudar a enfrentar os desafios deste segundo quarto do século 21 e além.

Estamos fortalecendo nossa infraestrutura crucial contra ataques cibernéticos, interrompendo redes de ransomware e trabalhando para estabelecer regras claras para todas as nações no que se refere ao ciberespaço.

Nós nos reservamos o direito de responder de forma decisiva a ataques cibernéticos que ameacem nosso povo, nossos aliados ou nossos interesses.

Buscaremos novas regras de comércio global e crescimento econômico que se esforcem para dar igualdade de condições de forma que não seja artificialmente inclinadas a favorecer um país em detrimento de outros e a fim de que todas as nações tenham o direito e a oportunidade de competir de forma justa.

Nos empenharemos para garantir que os direitos trabalhistas básicos, as salvaguardas ambientais e a propriedade intelectual sejam protegidos, e que os benefícios da globalização sejam amplamente compartilhados por todas nossas sociedades.

E continuaremos a defender regras e normas de longa data que, há décadas, têm formado as proteções do engajamento internacional que têm sido essenciais para o desenvolvimento das nações ao redor do mundo — compromissos fundamentais como liberdade de navegação, adesão a legislação e tratados internacionais, apoio a medidas de controle de armas que reduzam o risco e aumentem a transparência.

Nossa abordagem está firmemente enraizada e totalmente consistente com a missão das Nações Unidas e os valores com os quais todos concordamos quando elaboramos esta Carta. Esses são compromissos que todos assumimos e que todos devemos defender.

E à medida que nos empenhamos para lidar com todos esses desafios urgentes, quer sejam antigos ou recentes, devemos também lidar uns com os outros.

Todas as principais potências do mundo têm o dever, em minha opinião, de administrar cuidadosamente suas relações a fim de que não resvalemos de uma competição responsável para um conflito.

Os Estados Unidos competirão vigorosamente e liderarão com nossos valores e nossa força.

Defenderemos nossos aliados e amigos e nos oporemos às tentativas de países mais fortes de dominar os mais fracos, quer seja por meio de alterações de território através de força, coerção econômica, exploração tecnológica ou desinformação.

Mas não buscamos – e reitero — não estamos buscando uma nova Guerra Fria, ou um mundo dividido em blocos rígidos.

Os Estados Unidos estão prontos para trabalhar com qualquer nação que se apresente e busque resoluções pacíficas para desafios comuns, mesmo que tenhamos divergências intensas em outras áreas — pois todos sofreremos as consequências de nosso fracasso se não nos unirmos para enfrentar ameaças urgentes como a Covid-19 e as mudanças climáticas, ou ameaças duradouras como a proliferação nuclear.

Os Estados Unidos continuam comprometidos em evitar que o Irã obtenha uma arma nuclear. E estamos trabalhando com P5+1 a fim de envolver o Irã diplomaticamente e buscar um retorno ao JCPOA . Estamos preparados para retornar ao cumprimento total se o Irã fizer o mesmo.

Da mesma forma, buscamos uma diplomacia séria e sustentada para realizar a desnuclearização completa da Península Coreana.

Buscamos o progresso concreto em direção a um plano alcançável com compromissos tangíveis que aumentem a estabilidade na Península e na região, e melhore a vida do povo da República Popular Democrática da Coreia.

Devemos também permanecer vigilantes contra a ameaça que o terrorismo representa para todas nossas nações, seja proveniente de regiões distantes do mundo ou de nossos próprios quintais.

Sabemos que a dor amarga do terrorismo ainda é real e quase todos nós já a sentimos.

No mês passado, perdemos 13 heróis americanos e quase 200 civis afegãos inocentes no hediondo ataque terrorista no aeroporto de Cabul.

Aqueles que cometem atos de terrorismo contra nós continuarão a encontrar um inimigo implacável e determinado nos Estados Unidos.

Entretanto, o mundo de hoje não é o mundo de 2001, e os Estados Unidos não são o mesmo país que éramos quando fomos atacados em 11 de setembro, 20 anos atrás.

Hoje, estamos mais bem equipados para detectar e prevenir ameaças terroristas, e somos mais resilientes em nossa capacidade de repeli-las e responder.

Sabemos como construir parcerias eficazes a fim de desmantelar redes terroristas, visando seus sistemas de financiamento e apoio, combatendo sua propaganda, evitando suas viagens, bem como interrompendo ataques iminentes.

Enfrentaremos ameaças terroristas que surgirem hoje e no futuro com toda a gama de ferramentas à nossa disposição, incluindo o trabalho em cooperação com parceiros locais, para que não precisemos depender tanto de implantações militares em grande escala.

Uma das maneiras mais importantes de melhorarmos a segurança e reduzirmos a violência com eficácia é buscando melhorar a vida das pessoas em todo o mundo que percebem que seus governos não estão atendendo às suas necessidades.

A corrupção fomenta a desigualdade, drena os recursos das nações, se espalha através das fronteiras e gera sofrimento humano. É nada menos do que uma ameaça à segurança nacional no século 21.

Em todo o mundo, vemos cada vez mais cidadãos demonstrarem seu descontentamento vendo os ricos e bem relacionados se enriquecer cada vez mais, aceitando pagamentos e subornos, e operando acima da lei enquanto a grande maioria das pessoas luta para encontrar um trabalho ou colocar comida na mesa ou para fazer sua empresa decolar ou simplesmente para mandar os filhos à escola.

Pessoas têm saído às ruas em todas as regiões a fim de exigir que seus governos atendam às necessidades básicas das pessoas, proporcionem a todos uma chance justa de sucesso e protejam seus direitos concedidos por Deus.

E nesse coro de vozes, através de línguas e continentes, ouvimos um grito comum: um grito por simples dignidade. Como líderes, é nosso dever atender a esse chamado, e não procurar silenciá-lo.

Os Estados Unidos estão empenhados em usar nossos recursos e nossa plataforma internacional para apoiar essas vozes, ouvi-las, fazer parceria com elas e encontrar maneiras de responder que promovam a dignidade humana em todo o mundo.

Por exemplo, há uma enorme necessidade de infraestrutura nos países em desenvolvimento, mas infraestrutura de baixa qualidade, ou que fomenta a corrupção ou exacerba a degradação ambiental, pode acabar contribuindo para desafios maiores aos países com o tempo.

Feita da maneira certa, no entanto, com investimentos transparentes e sustentáveis ​​em projetos que atendam às necessidades da comunidade e envolvam trabalhadores locais, mantendo altos padrões ambientais e de trabalho, a infraestrutura pode ser a base sólida que permite que as sociedades em países de baixa e média renda cresçam e prosperem.

Essa é a ideia por trás da Reconstruir um Mundo Melhor.

E junto com o setor privado e nossos parceiros do G7, pretendemos mobilizar centenas de bilhões de dólares em investimentos em infraestrutura.

Também continuaremos a ser os maiores contribuintes mundiais de assistência humanitária, levando comida, água, abrigo, cuidados de saúde de emergência e outras ajudas vitais para milhões de pessoas necessitadas.

Quando ocorre um terremoto, a passagem de um tufão ou um desastre assola qualquer parte do mundo, os Estados Unidos se apresentam. Estaremos prontos para ajudar

E em um momento em que quase uma em cada três pessoas globalmente não tem acesso a alimentos adequados, somente neste último ano, os Estados Unidos estão empenhados em reunir nossos parceiros visando lidar com as necessidades imediatas de desnutrição e garantir que possamos alimentar o mundo de forma sustentável nas próximas décadas.

Para esse fim, os Estados Unidos estão assumindo um compromisso de US$ 10 bilhões visando acabar com a fome e investir em sistemas alimentares no país e no exterior.

Desde 2000, o governo dos Estados Unidos já investiu mais de US$ 140 bilhões no avanço da saúde global e no fortalecimento dos sistemas de saúde, e continuaremos nossa liderança com o intuito de usar esses investimentos vitais a fim de melhorar a vida das pessoas a cada dia. Apenas dê a elas um pouco de espaço para respirar.

E enquanto nos esforçamos para melhorar nossas vidas, devemos trabalhar com um propósito renovado a fim de acabar com os conflitos que estão causando tanta dor e mágoa ao redor do mundo.

Devemos redobrar nossa diplomacia e nos comprometer com a negociação política, não a violência, como a ferramenta de primeiro recurso para administrar as tensões em todo o mundo.

Devemos buscar um futuro de maior paz e segurança para todas as pessoas do Oriente Médio.

O compromisso dos Estados Unidos com a segurança de Israel é indiscutível. E nosso apoio a um Estado judeu independente é inequívoco.

Mas continuo a acreditar que uma solução de dois Estados é a melhor maneira de garantir que o futuro de Israel como um Estado judeu democrático vivendo em paz ao lado de um Estado palestino viável, soberano e democrático.

Estamos muito longe dessa meta neste momento, mas nunca devemos nos permitir desistir da possibilidade de progredir.

Também não podemos desistir de resolver conflitos civis violentos, incluindo na Etiópia e no Iêmen, onde a luta entre partes beligerantes está causando fome, violência terrível, violações dos direitos humanos contra civis, inclusive o uso imoral de estrupo como arma de guerra.

Continuaremos a trabalhar com a comunidade internacional a fim de fazer pressão em prol da paz e pôr fim a esse sofrimento.

À medida que buscamos a diplomacia em todas as áreas, os Estados Unidos defenderão os valores democráticos que estão no cerne de quem somos como nação e como povo: liberdade, igualdade, oportunidade e uma crença nos direitos universais de todas as pessoas.

Está estampado em nosso DNA como nação. E, fundamentalmente, está gravado no DNA desta instituição — Nações Unidas. Às vezes nos esquecemos.

Para citar as palavras iniciais de nossa Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Os direitos iguais e inalienáveis ​​de todos os membros da família humana são o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo”.

O etos fundador das Nações Unidas coloca os direitos dos indivíduos no centro de nosso sistema, e essa clareza e visão não devem ser ignoradas ou mal interpretadas.

Os Estados Unidos farão a nossa parte, mas teremos mais sucesso e maior impacto se todas as nossas nações estiverem trabalhando visando cumprir a missão plena para a qual fomos chamados.

É por isso que mais de cem nações se uniram em torno de uma declaração compartilhada e o Conselho de Segurança adotou uma resolução definindo como apoiaremos o povo do Afeganistão no futuro, definindo as expectativas que teremos do Talilbã no que diz respeito ao respeito aos direitos humanos universais.

Todos devemos defender as mulheres — os direitos das mulheres e das meninas de usarem todos os seus talentos para contribuir econômica, política e socialmente, e perseguir seus sonhos, sem violência ou intimidação, desde a América Central à República Democrática do Congo e ao Afeganistão — onde quer que isso aconteça no mundo.

Todos nós devemos clamar e condenar a segmentação e a opressão de minorias raciais, étnicas ou religiosas quando isso ocorrer em Xinjiang, ou no norte da Etiópia, ou em qualquer lugar do mundo.

Todos devemos defender os direitos das pessoas LGBTQI, para que possam viver e amar abertamente, sem medo, seja na Chechênia, em Camarões ou em qualquer parte.

E enquanto conduzimos nossas nações rumo a esse ponto de inflexão e trabalhamos para enfrentar os desafios transversais e velozes de hoje, permitam-me ser claro: não sou agnóstico quanto ao futuro que queremos para o mundo.

O futuro pertencerá àqueles que abraçam a dignidade humana, não àqueles que a pisoteiam.

O futuro pertencerá àqueles que liberam o potencial de seu povo, não àqueles que o sufocam.

O futuro pertencerá àqueles que dão a seu povo a capacidade de respirar livremente, não àqueles que buscam sufocar seu povo com mão de ferro.

Os autoritários do mundo podem procurar proclamar o fim da era da democracia, mas estão errados.

A verdade: o mundo democrático está em toda parte. Ele vive nos ativistas anticorrupção, nos defensores dos direitos humanos, nos jornalistas, nos manifestantes que reivindicam a paz na linha de frente dessa luta em Belarus, na Birmânia, na Síria, em Cuba, na Venezuela e em todos os lugares intermediários.

Ele vive nas corajosas mulheres do Sudão que resistiram à violência e à opressão para afastar um ditador genocida do poder e continuar a trabalhar todos os dias para defender seu progresso democrático.

Ele vive nos orgulhosos moldavos que ajudaram a proporcionar uma vitória esmagadora para as forças da democracia com o mandato de combater a corrupção e construir uma economia mais inclusiva.

Ele vive nos jovens da Zâmbia que aproveitaram o poder de seu voto pela primeira vez, comparecendo em números recordes a fim de denunciar a corrupção e traçar um novo caminho para seu país.

E, embora nenhuma democracia seja perfeita, incluindo os Estados Unidos — que continuarão a luta para viver de acordo com nossos ideais mais elevados, para curar nossas divisões e enfrentar a violência e a insurreição — a democracia continua a ser a melhor ferramenta que temos para liberar todo nosso potencial humano.

Meus colegas líderes, este é um momento em que devemos provar que somos iguais àqueles que vieram antes de nós que, com visão e valores e uma fé determinada em nosso futuro coletivo, construíram nossas Nações Unidas, romperam um ciclo de guerra e destruição, e lançaram as bases para mais de sete décadas de paz relativa e crescente prosperidade global.

Agora devemos nos unir novamente a fim de afirmar que a humanidade inerente que nos une é maior do que qualquer divisão exterior ou desacordo.

Devemos escolher fazer mais do que pensamos que podemos fazer sozinhos, para que possamos realizar o que devemos, juntos: acabar com esta pandemia e garantir que estejamos mais bem preparados para a próxima; prevenir as mudanças climáticas cataclísmicas e aumentar nossa resiliência aos impactos que já estamos vendo; garantir um futuro onde as tecnologias sejam uma ferramenta vital para resolver os desafios humanos e fortalecer o potencial humano, não uma fonte de maior conflito e repressão.

Esses são os desafios que determinarão como será o mundo para nossos filhos e netos, e o que eles herdarão.

Estou aqui hoje, pela primeira vez em 20 anos, com os Estados Unidos não envolvidos em uma guerra. Viramos a página.

Toda força, energia, compromisso, vontade e recursos incomparáveis ​​de nossa nação estão agora total e diretamente focados no que está à nossa frente, não no que ficou para trás.

E saibam disto: à medida que olhamos para a frente, nós lideraremos. Lideraremos em todos os maiores desafios do nosso tempo — desde a Covid e o clima, a paz e a segurança, à dignidade humana e aos direitos humanos. Mas não podemos agir sozinhos.

Lideraremos junto com nossos Aliados e parceiros, e em cooperação com todos aqueles que acreditam, como nós, que está ao nosso alcance enfrentar todos esses desafios e construir um futuro que eleva todas nossas pessoas e preserva nosso planeta.

Nada disso é inevitável; é uma escolha. E posso dizer qual é a posição dos Estados Unidos. Vamos escolher construir um futuro melhor. Nós — vocês e eu — temos a vontade e a capacidade de torná-lo melhor.

Senhoras e senhores, nós não podemos perder mais tempo. Vamos ao trabalho. Vamos fazer nosso futuro melhor.

Nós podemos fazer isso. Está a nosso alcance e capacidade.

Obrigado, e que Deus abençoe todos vocês.

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Veja o conteúdo original: https://www.whitehouse.gov/briefing-room/speeches-remarks/2021/09/21/remarks-by-president-biden-before-the-76th-session-of-the-united-nations-general-assembly/

Esta tradução é fornecida como cortesia e apenas o texto original em inglês deve ser considerado oficial.