Opinião da Directora da USAID para Moçambique por ocasião do Dia Mundial de Luta Contra o SIDA

Opinião da Dra. Jennifer Adams, Directora para Moçambique da Agência dos E.U.A. para o Desenvolvimento Internacional (USAID), por ocasião do Dia Mundial de Luta Contra o SIDA,, 1 de Dezembro de 2019

Opinião da Dra. Jennifer Adams, Directora para Moçambique da Agência dos E.U.A. para o Desenvolvimento Internacional (USAID),

por ocasião do Dia Mundial de Luta Contra o SIDA,

1 de Dezembro de 2019

Sabiam que o resultado positivo ao teste de HIV não impede uma pessoa de viver uma vida plena e produtiva? Nos mais de 30 anos desde que o vírus HIV se espalhou pelo mundo, desenvolvemos medicamentos para combatê-lo e transformámos um assassino que já foi virulento numa condição médica controlável. As pessoas com HIV que começam o tratamento imediatamente e cumprem com ele fielmente, podem e alcançam os seus objectivos de vida em termos de família, carreira e comunidade. E agora temos a oportunidade histórica de conseguir o que antes parecia impossível: controlar e por último acabar com a epidemia de HIV / SIDA, de comunidade em comunidade.

Mas enfrentar esse desafio não será fácil, e o Dia Mundial de Luta Contra o SIDA serve como um lembrete para todos nós de que todos e cada um de nós pode desempenhar um papel na eliminação do HIV / SIDA. Porque, apesar dos testes e tratamentos disponíveis, aproximadamente setecentos e setenta mil pessoas morrem a cada ano por causas relacionadas ao SIDA em todo o mundo. No ano passado, cinquenta e quatro mil moçambicanos morreram de uma doença relacionada ao SIDA, deixando crianças sem mãe, estudantes sem professores e roubando de Moçambique indivíduos que podiam contribuir para o crescimento económico e o progresso social deste belo país.

Para enfrentar o desafio de acabar com a epidemia de HIV / SIDA, precisamos do poder que advém de parcerias – parcerias entre governos, sector privado, organizações internacionais, sociedade civil, organizações religiosas e pessoas vivendo com HIV. Os Estados Unidos e Moçambique são parceiros na construção de um sistema de saúde mais forte, que atenda às necessidades dos moçambicanos no tratamento de HIV / SIDA, bem como noutros problemas de saúde em todo o país. De 2001 a esta parte, o governo dos EUA disponibilizou, para Moçambique, mais de US $ 3 biliões em assistência relacionada ao HIV / SIDA. Esses fundos servem para garantir a disponibilidade de medicamentos anti-retrovirais nos serviços públicos de saúde, a disponibilidade e operacionalidade dos equipamentos essenciais para testes e tratamentos, bem como a formação de profissionais de saúde nos métodos mais recentes de atendimento a pessoas vivendo com HIV e suas famílias.

Trabalhando em conjunto, alcançámos progressos. As mortes relacionadas ao SIDA em Moçambique diminuíram 16% desde 2010 e um milhão, cento e cinquenta e nove mil e seiscentos e trinta e cinco pessoas vivendo com HIV estão agora a receber tratamento e tendo uma vida saudável. Para manter essas tendências positivas, precisamos que o Governo de Moçambique continue a fazer do sector de saúde uma prioridade do orçamento e garanta que as instituições de saúde recebam os fundos necessários para cumprir as suas obrigações.

Entretanto, à medida que os testes e o tratamento se tornam cada vez mais disponíveis e bem-sucedidos em Moçambique, devemos perguntar: por que razão dezenas de milhares de moçambicanos ainda morrem de doenças relacionadas ao HIV a cada ano? Que outros factores contribuem para que as comunidades de Maputo a Nampula, de Sofala a Tete e por aí adiante continuem a perder membros valiosos para a epidemia de SIDA?

Para muitos, o medo de discriminação e exclusão impede-os de fazer o teste de HIV, buscar tratamento apropriado e permanecer nele. Jovens não são testados porque temem ser deixados pelos parceiros caso os descubram. Uma jovem que sabe que é seropositiva evita receber tratamento por medo de que sua comunidade a descubra e a evite. Um pai interrompe o seu tratamento por medo de que o seu empregador descubra o seu estado e o despeça. Ouvimos histórias como estas em todas as comunidades. Como muitas dessas pessoas não procuram tratamento, essas histórias geralmente não têm finais felizes.

Para mudar isso, líderes de todas as comunidades devem manifestar- se contra o estigma e a discriminação. Os líderes comunitários, empresariais e religiosos devem posicionar- se contra o estigma e habilitar as pessoas para fazerem o teste e proteger as pessoas que vivem com HIV, para que possam ter uma vida saudável enquanto prosseguem no tratamento que salva vidas. O imamo deve chamar à razão aqueles que banem as pessoas que vivem com HIV, o padre deve pedir a todos os seus paroquianos que façam o teste, o proprietário da empresa deve garantir que seus funcionários se sintam seguros no seu posto de trabalho, enquanto prosseguem o tratamento. Não podemos permitir que o estigma e a discriminação nos afastem da oportunidade histórica de acabar com a epidemia de SIDA em Moçambique.

Sabemos que estratégias de teste, tratamento e prevenção, como o uso de preservativo, circuncisão médica masculina voluntária e profilaxia pré-exposição, são as soluções para essa epidemia. Sabemos que as pessoas que recebem tratamento e permanecem nele podem viver longas vidas produtivas. Sabemos que pessoas vivendo com HIV, que estão em tratamento, que têm e mantêm uma carga viral indetectável não podem transmitir o vírus aos seus parceiros sexuais. Mas esse conhecimento só terá impacto se as pessoas que vivem com HIV e suas comunidades estiverem cientes disso. E é por isso que é tão importante expandir os nossos esforços para aumentar o conhecimento relacionado ao HIV e reduzir o estigma em todo o país.

O governo de Moçambique está a fazer a sua parte para que isso aconteça e deve continuar a fazê-lo. No entanto, para controlar totalmente essa epidemia, devemo-nos apoiar uns aos outros. Faça o teste. Comece e continue o tratamento. Mas também incentive sua mãe, seu pai, seu filho, seu irmão, seu vizinho, seu funcionário a fazer o mesmo.

As comunidades são decisivas para controlar e, em última análise, acabar com a epidemia de HIV / SIDA. Com a vossa liderança, podemos garantir que um dia, nenhum moçambicano morrerá por causas relacionadas ao SIDA. Em total parceria com o Ministério da Saúde, governos locais, provedores de serviços de saúde, comunidade e líderes religiosos, podemos fazer isso acontecer.