Contra-almirante Muatuca, Comandante da Marinha
Contra-almirante Lacore, Vice-comandante da Sexta Frota dos E.U.A.,
Honrados membros seniores do Ministério da Defesa Nacional de Moçambique,
Distintos participantes no Seminário para Líderes Seniores,
Senhoras e senhores,
Bom dia.
Queiram aceitar os meus parabéns nesta ocasião em que nos juntamos para a conclusão oficial do Exercício Cutlass Express 2019. Em particular, gostaria de agradecer ao Ministério da Defesa Nacional de Moçambique, e à Marinha de Moçambique pela sua generosidade e compromisso incansável para tornar este Exercício, incluindo o Seminário para Líderes Seniores, num tremendo sucesso.

O Exercício deste ano teve lugar em três localizações, estendendo-se desde Djibouti e descendo a Costa Oriental de África até ao Norte de Moçambique, e finalmente até ao Seminário aqui em Maputo. Tendo seguido os relatórios dos meus colegas das forças militares ao longo das últimas duas semanas, posso dizer com confiança que o Cutlass Express demonstrou mais uma vez que as pessoas nesta sala e as forças militares que representam, estão em posição, estão dispostas, e estão preparadas para impedir qualquer ameaça, seja marítima ou outra, à segurança colectiva da Costa Oriental de África.
O Leste de África desempenha um papel cada vez mais importante no comércio marítimo global, e a segurança marítima é crucial para a prosperidade económica e social das nações do Leste de África. Noventa por cento do comércio de África transita através de rotas marítimas, e mais de vinte milhões de pessoas que vivem na orla costeira do Leste de África dependem do oceano para obter alimentos e trabalho. A segurança eficaz combate as vastas redes de tráfico de narcóticos, de fauna bravia e de pesca ilegal que custam bilhões de dólares às economias locais em rendimentos perdidos anualmente, e que negam às comunidades os seus sustentos e recursos naturais. Mais, uma patrulha eficiente da costa e das águas partilhadas pode ajudar a eliminar o financiamento que permite a operação do extremismo violento no Leste de África, incluindo em Moçambique. As guardas costeiras e as marinhas de África desempenham um papel crítico na interrupção destas redes globais destrutivas.
Exercícios como o Cutlass Express são essenciais para melhorar a interoperacionalidade e fortalecer as relações entre as forças de segurança das nações participantes, entre as instituições, e entre os povos. Essas relações existem a todos os níveis: táctico, operacional e estratégico. Ao longo dos últimos dias, enquanto partilhavam as vossas melhores práticas, preocupações e soluções, provaram o ponto do meu discurso de abertura quando me dirigi a esta audiência: somos bem mais fortes e mais eficazes quando agimos em conjunto do que quando agimos individualmente.

O espírito de cooperação entre nações é o que torna este exercício num sucesso. Nessa mesma veia, será necessária uma cooperação a níveis múltiplos para abordar o assunto do extremismo violento que ameaça a segurança e a estabilidade no Leste de África, incluindo no Norte de Moçambique. Actividades de cooperação militar, como o Cutlass Express, são particularmente relevantes neste contexto, pois fomentam a interacção e a partilha de inteligência entre as nações parceiras que serão necessárias para atacar esta ameaça emergente. Extremistas violentos, incluindo os que aterrorizaram os distritos mais a norte de Cabo Delgado, não reconhecem fronteiras nacionais e dependem de uma rede interligada de apoiantes através de múltiplos países para sobreviverem. Por esta razão, é essencial que uma rede igualmente empenhada e interligada de governos parceiros use os seus activos conjuntos de segurança, inteligência e aplicação da lei para os poderem derrotar.
Ao avançarmos no seguimento deste exercício, será, portanto, crítico maximizar a cooperação entre os parceiros regionais e internacionais da forma demonstrada por todos vós aqui presentes e que participaram no Cutlass Express. Isto significa a partilha de informação militar para militar e de guarda costeira para guarda costeira, e operações conjuntas para controlar as orlas costeiras, detectar ameaças, e eliminar aqueles que utilizam as rotas marítimas para facilitar o crime e o extremismo violento. Também significa uma cooperação revigorada entre as nossas forças militares, polícia e agências de inteligência terrestres para melhor controlar as fronteiras, fomentar as parcerias com as comunidades e organizações da sociedade civil, partilhar informação, e regular o fluxo de pessoas e bens. A eliminação do extremismo violento exige fundamentalmente a quebra das redes criminosas alargadas que os extremistas procuram com o fim de explorar para os seus próprios objectivos.

E como governos, devemos reconhecer que não podemos enfrentar este desafio sozinhos. A cooperação entre as nossas forças de segurança e as comunidades que servem, incluindo líderes religiosos, sociedade civil e o público, é essencial para prevenir ataques e levar os perpetradores perante a justiça. Devemos também fazer parceria com essas mesmas comunidades para atacar os factores subjacentes que tornam os indivíduos vulneráveis à radicalização e recrutamento por organizações criminosas. O apoio e a cooperação dos líderes comunitários, religiosos e da sociedade civil são uma parte essencial desses esforços. As agências governamentais e as forças de segurança têm o poder e a responsabilidade de ditar o tom e instaurar as condições que facilitam esta cooperação e permitem que estes actores desempenhem o seu papel positivo.
Como líderes, orientamos os nossos subordinados para que arranjem soluções, não apresentem apenas problemas. E a procura de soluções foi o lema desta semana. Embora possivelmente não respondemos a todas as questões ou encontrámos a solução final para todos os problemas, estou confiante que neste tempo que passaram juntos geraram novas ideias, novas parcerias e novas metodologias para desenvolverem ainda mais a interligação entre as forças de segurança das nossas nações, que serão essenciais para assegurar a estabilidade a longo prazo na orla costeira do Leste de África, e de facto, através da região alargada do Indo-Pacífico. Ao regressarem a casa, espero que continuem a desenvolver as parcerias que emergiram em resultado deste exercício, para que em conjunto possamos derrotar quaisquer actores potenciais – sejam eles extremismo criminoso ou violento – que ameacem a segurança, estabilidade e prosperidade das nossas nações, da nossa região, e dos nossos respectivos cidadãos.
Obrigado por participarem no Exercício Cutlass Express 2019. E uma vez mais, parabéns por um exercício bem-sucedido.